Como Prevenir Os 4 Problemas De Saúde Mais Comuns Ao Professor?
Falar muito alto, virar noites debruçado sobre planejamentos e atividades, sentar por muitas horas seguidas ou dar colo às crianças que precisam de conforto… A rotina do professor é recompensadora, mas também expõe o profissional a diversos problemas de saúde. Pesquisas mostram que 20% dos educadores brasileiros já pediu afastamento por licença médica. Quando isso ocorre, o professor costuma ficar até três meses fora da sala de aula – uma ruptura que prejudica não só a administração da escola como o desenvolvimento das crianças.
Ainda que essas tarefas sejam inerentes à função, há cuidados que podem ser tomados para prevenir o surgimento de doenças, tanto físicas quanto psicológicas. Veja como evitar as mais comuns aos professores: distúrbios vocais, dores nas costas, esgotamento mental ou físico e problemas respiratórios.
Distúrbios vocais
Você fala o dia todo – algumas vezes, grita para chamar a atenção das crianças. Precisa se sobrepor ao barulho da turma e do ambiente. Por isso, mais da metade dos professores se queixa de rouquidão, perda de voz, tosse, soprosidade ou outros sintomas relacionados durante a carreira. Esses sinais podem levar a diagnósticos mais sérios, como nódulos nas cordas vocais.
O primeiro passo para evitar lesões é manter uma alimentação saudável e beber água com frequência – comidas mais pesadas e gordurosas podem causar refluxo, o que também danifica a garganta. Fumo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas devem ser evitados. Já outros alimentos, como a maçã, são extremamente benéficos por “limpar” as cordas vocais.
Há ainda formas de prevenção que visam diminuir o tempo e a intensidade da fala do professor: fechar janelas e portas que estejam abertas sem necessidade, por exemplo, é algo simples e que vai bloquear o ruído dentro da sala de aula. Dinâmicas de grupo em que as crianças falem, discutam entre si ou realizem outras atividades (como assistir a um vídeo ou desenhar) devem ser intercaladas à rotina da classe para que o professor tenha algum tempo de recuperação. Evite ainda falar de costas para a turma – o que obriga a aumentar o volume – ou enquanto escreve no quadro, já que aspirar o pó de giz prejudica o sistema respiratório.
Além disso, há exercícios de aquecimento vocal que podem ser feitos todas as manhãs: alongamento do pescoço, vibração dos lábios e da língua (fazendo o som de “brrrrrrr”) e sequências de respiração profunda são passos básicos, mas outros exercícios específicos podem ser prescritos por um fonoaudiólogo.
Dores nas costas
Entre professores de Educação Infantil, o mais comum é o surgimento de problemas por se agachar com frequência e segurar as crianças no colo. Passar muito tempo sentado na posição de índio (pernas cruzadas no chão) ou em pé são outras fontes de transtornos. As dores na região lombar, na coluna cervical, no ombro, no punho e no cotovelo são as que mais acometem professores.
Você não vai parar de interagir com as crianças ou segurá-las quando preciso, certo? Porém, é possível fazer isso de forma a agredir menos a coluna. Ao se agachar e levantar uma criança, mantenha sempre os pés afastados, os joelhos flexionados e a coluna reta, sem colocar o peso nas costas. Quando se trabalha em pé por muito tempo, a dica é dividir o peso do corpo em ambas as pernas e contrair o abdômen, protegendo a região lombar. Já para quem escreve no quadro constantemente, atenção: é importante que a mão não ultrapasse a altura dos ombros, para que eles não sejam sobrecarregados.
Escolher o calçado ideal ajuda a diminuir os impactos: chinelos e rasteiras não têm amortecimento – tênis são a escolha ideal, além de mais confortáveis para longas jornadas de trabalho. Fazer séries rápidas de alongamento entre as aulas é recomendado e, caso haja tempo livre, o professor deve considerar realizar alguma atividade física durante a semana. Caminhadas, musculação, ioga, natação ou pilates auxiliam na postura corporal.
Esgotamento mental ou físico (Síndrome de Burnout)
A Síndrome de Burnout é a fadiga causada não só pelo estresse comum a qualquer trabalho – que diz respeito a prazos e exigências – mas também ao envolvimento emocional do profissional. Por isso, é observada principalmente em médicos e professores. Os sintomas são estresse, insatisfação com seu próprio trabalho, dores de cabeça e pelo corpo, irritabilidade, exaustão, perda de empatia, entusiasmo e otimismo… E até mesmo a vontade de desistir da carreira.
Parte do cuidado para evitar esse esgotamento deve partir da escola, com condições adequadas de trabalho e momentos de descanso suficientes (nada de trabalhar o fim de semana inteiro e esquecer de dormir!). Preocupações com salário, ambientes hostis ou perigosos, é claro, tampouco ajudam. Entretanto, o próprio professor pode prestar atenção à sua rotina fora da sala de aula e insistir em hábitos saudáveis: uma boa noite de sono, para um adulto, deve contar com cerca de oito horas ininterruptas.
Manter hobbies pessoais, como ler ou ouvir música, são ótimos para relaxar após dias difíceis e prevenir problemas psicológicos.
Problemas respiratórios
Em alguns estudos, os problemas respiratórios aparecem como segunda causa mais frequente de afastamento do professor. As doenças vão desde gripe, resfriado, rinite, bronquite, asma, laringite, sinusite até tuberculose e pneumonia. Apesar de serem mais recorrentes no inverno, o professor deve ficar atento a elas por passar muitas horas dentro de ambientes fechados e, ainda por cima, com grandes grupos de crianças, que costumam ser portadoras destes vírus e bactérias.
A limpeza é fundamental: arejar espaços (deixando as janelas abertas quando a turma sair da sala, por exemplo, para o ar circular), retirar o pó, lavar as mãos (as suas e as das crianças) ao terminar atividades ao ar livre e antes das refeições são atitudes simples que fazem a diferença. Uma criança veio para a aula gripada? Evite manter a boca e o nariz muito próximos do rosto da criança, para evitar a contaminação direta, e garanta a higienização do aluno com lenços de papel, água e sabonete ou álcool gel.
Caso sintomas persistam por mais de uma semana, um ciclo normal de gripe, é indicado que o professor procure um médico especialista.
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